terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Luto no Judo: Morre em Nova Friburgo/RJ Takashi Yamaguchi.

12/02/2013
Nova Friburgo, RJ

Yamaguchi e Midori: paixão nascida em São Paulo


Faleceu em Nova Friburgo no dia 10/02/2013 o sensei Takashi Yamaguchi. Japonês nascido em Tókio em 15 de novembro de 1935, onde teve uma infância com muita dificuldade e traumas agravados pelo padecimento dos horrores da segunda grande guerra, na qual presenciou a morte de amigos por bombas incendiárias. Ingressou então no judô em 1952, aos 16 anos de idade. 

Era um aluno aplicado e de muito talento, pois com um ano de treinamento recebeu a graduação de 1º Dan, com três anos de treino conquistou o 2º Dan, e incrivelmente, com cinco anos como judoka, em 1957 foi aprovado em rígida competição, com exame para 3º Dan aos 21 anos de idade. 

Amadurecido e estruturado pelos benefícios que o judô lhe proporcionou (testemunho dado por ele muitas vezes, pois também era ele na época aluno da 3ª geração de alunos de Jigoro Kano Shihan), nos idos então de 1957 emigrou para o Brasil, estabelecendo-se em São Paulo, iniciando a sua carreira de professor de judô, dando aulas para as crianças e jovens da colônia japonesa perto de Campos do Jordão.

Na década de 60 foi para  Papucaia-RJ no interior do Estado do Rio de Janeiro, onde trabalhou  para a cooperativa Cotia como agricultor. Mas como aficionado que era pela nobre arte do judô, introduziu na região o primeiro dojô. Indo para Cachoeiras de Macacu e fundando ali outro dojô, que existe até os dias atuais. Em 1971 Yamaguchi sensei funda em Nova Friburgo o Judô Clube Sol Nascente (atual Academia Sol Nascente de Nova Friburgo), cujo trabalho se ramificou, sendo fundada por um de seus alunos nos anos 80 a Academia Sol Nascente de Bom Jardim.

Nesta grande trajetória, o sensei Takashi Yamaguchi difundiu o judô para milhares de crianças e jovens, formando dezenas de faixas pretas, sendo que vários seguiram a carreira como instrutores e professores de 2º ao 5º Dan, cuja descendência chegou ao nordeste do Brasil.  Existindo atualmente a 2ª geração de faixas pretas treinando nos dojôs.

E não poderíamos deixar de citar, que o professor Takashi Yamaguchi não era apenas um grande judoka, mas também um excepcional acupunturista, recebendo recentemente uma homenagem da Craerj (Conselho Regional de Acupuntura do Estado do Rio de Janeiro) como introdutor das técnicas de acupuntura no interior do estado. Sendo ele também referência em shiatsu na região.
 por: Mário Knupp 
  

Outro Relato: 


Com apenas seis anos, ainda no Japão, Takashi Yamaguchi aprendeu a arte de massagear. Aos 22, chegaria ao Brasil para começar a sua vida no esporte, através do judô. Hoje, aos 77 anos, não dá mais aulas, tampouco atende a clientes. A isquemia que sofreu limita os movimentos e a fala. No entanto, a sabedoria adquirida e repassada a centenas de pessoas não sofreu qualquer tipo de dano, e teve recentemente o merecido reconhecimento.
No último dia 6, o mestre de judô foi homenageado pelo Conselho Regional de Acupuntura do Estado do Rio de Janeiro, Craerj, em cerimônia realizada na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). Uma comitiva de parentes e amigos acompanhou Yamaguchi e a esposa Midori. Além dele, outras nove pessoas foram lembradas por serem os precursores da acupuntura no estado. Emocionado ao receber o prêmio, lembrou de uma das muitas situações que vivera. “Na minha época, as pessoas que lutavam judô aprendiam a fazer massagem e acupuntura. Ainda no Japão, com 16 anos, salvei a vida de uma mulher, que se afogou, através de massagem. Consegui reanimar a moça, que já tinha sido declarada morta.”

vida difícil no Japão e chegada ao Brasil
Takashi Yamaguchi nasceu em 15 de novembro de 1935, no Japão. Sob orientação da tia, teve as primeiras aulas de aplicação de massagem, aos seis anos de idade, uma prática comum naquela época. Durante a infância, teve de conviver com todas as dificuldades que a 2ª Guerra Mundial proporcionou. A família deixou o Japão por um tempo e, quando retornou, encontrou uma Tóquio destruída. Todas as plantações haviam sido queimadas após a derrota japonesa. Yamaguchi passou fome e, para sobreviver, comeu até mesmo os insetos encontrados nas plantações de arroz.
Aos 16 anos, ainda na terra do Sol Nascente, foi trabalhar em uma empresa de peças de navio, a Tokyo Keik, onde um ex-capitão da marinha japonesa dava aulas de judô. Mifune Kysoo ensinava várias práticas para tratamento de traumas e problemas de saúde. A partir dali, surgiram o interesse e a dedicação à acupuntura e massagem. Contratado para ensinar o judô em uma colônia japonesa de São Paulo, Yamaguchi chegou ao Brasil em 1957, com 22 anos de idade. Viveu durante algum tempo em Campos do Jordão, onde conheceu Midori Yamaguchi, e mudou-se para Papucaia. No município fluminense, pensou em desistir do judô. “Ele abandonou essa área de professor, por conta da baixa remuneração. Queria então ser lavrador. No Japão, trabalhou como torneiro mecânico e veio para o Brasil com o desejo de montar uma fábrica. A gente programa as coisas de um jeito e acontecem de outro”, contou Midori.

Yamaguchi constrói academia em Nova Friburgo
O destino levou Yamaguchi de volta ao mundo esportivo. Cinco anos mais tarde, já casado, transferiu-se para Cachoeiras de Macacu. Em 1971, chegou à Nova Friburgo e iniciou a prática das artes marciais na Sociedade Esportiva Friburguense (SEF). Dois anos depois, trouxe a esposa Midori e inaugurou o próprio espaço. A academia Sol Nascente, hoje na Rua José Maria Raminelli,  Ponte da Saudade, foi construída com a ajuda de alunos. “Cerca de 30 pessoas se reuniam todos os fins de semana e trabalhavam com a gente. Apenas alguns faziam o serviço de verdade. A maioria gostava do churrasco, das bebidas, da festa”, divertiu-se ao contar.
A academia cresceu e foram inauguradas filiais em Cachoeiras de Macacu e Bom Jardim. Desde então, Takashi Yamaguchi voltou apenas uma vez ao Japão, em 1990, quando levou uma lembrança para homenagear seu antigo professor. No entanto, Mifune Kysoo já havia falecido. “São coisas da vida, a gente tem que relevar”, disse.
  
Yamaguchi morava na casa construída embaixo da academia, e nela acumula honrarias por tudo o que fez. A próxima homenagem deverá ser feita pela Colônia Japonesa do Estado do Rio. Nada mais justo. Apesar das marcas do tempo, a bela história construída pelo professor permanecerá intacta para sempre.
 por:Vinicius Gastin


Divulgação JUDOinforme
Prof. Rocha - Jornalista

Um comentário:

  1. Para maiores ilustrações, gostaria de relatar que conheci em Vitória-ES, seu sobrinho Sérgio Yamaguchi, que além de ser faixa preta de judô e ter uma bela academia, também é massagista, e pratica várias artes com shiatsu e outras especialidades.
    Hedywald

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