sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Ex campeão Aurélio Miguel multiplica bens após ser eleito vereador.

22/02/2013
São Paulo, SP

O político foi campeão olímpico na categoria meio-pesado nos Jogos Olímpicos de Seul 1988 e medalha de bronze em Atlanta 1996.


O patrimônio do ex judoca brasileiro, Aurélio Miguel, foi multiplicado desde 2005, quando ele assumiu o cargo de vereador em São Paulo.

De acordo com matéria publicada no jornal Folha de São Paulo, antes de entrar na política o campeão olímpico tinha o patrimônio declarado em 870 mil reais.

Já em 2012, segundo o Ministério Público, o valor girava em torno dos 25 milhões de reais. Nessa conta, não entram outros bens, como uma lancha e ao menos 17 carros.

A fortuna de Aurélio Miguel cresceu principalmente entre os anos de 2008 e 2009, quando era presidente da CPI do IPTU na Câmara Municipal de São Paulo.

O ex-judoca Miguel é acusado pelo Ministério Público de cobrar propina de shoppings ligados para fazer vista grossa às irregularidades no relatório final da CPI.

Testemunhas dizem que as propinas chegavam a R$ 640 mil.

Ao menos oito imóveis adquiridos por Miguel após essa data foram pagos em dinheiro vivo, segundo documentos obtidos pela Folha em cartórios.

Aurélio Miguel nega as acusações.


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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Aos 99 anos, morre na Califórnia última discípula de Jigoro Kano.

16/02/2013
Califórnia, USA

Sensei Keiko Fukuda era seguidora do mestre japonês Jigoro Kano


Keiko Fukuda, última discípula do fundador do judô, o mestre Jigoro Kano, faleceu neste sábado 09/02/2013, em São Francisco, na Califórnia. A japonesa de 99 anos foi a primeira mulher a conseguir adentrar no ranking Dan da arte marcial.
Quando era jovem, Fukuda se recusou a seguir o caminho tradicional da mulher japonesa na época. Ao invés de se casar, ela decidiu treinar judô com Kano e acabou, com o passar dos anos, se tornando uma referência para o esporte feminino.
Nos anos 60, a Sensei atendeu o pedido de seu mestre, que tinha o sonho de difundir a arte marcial ao redor do mundo, e foi treinar novos alunos nos Estados Unidos, onde morou até sua morte. Lá, se tornou voz forte nos movimentos de direitos das mulheres e colaborou com o desenvolvimento do judô.

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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Luto no Judo: Morre em Nova Friburgo/RJ Takashi Yamaguchi.

12/02/2013
Nova Friburgo, RJ

Yamaguchi e Midori: paixão nascida em São Paulo


Faleceu em Nova Friburgo no dia 10/02/2013 o sensei Takashi Yamaguchi. Japonês nascido em Tókio em 15 de novembro de 1935, onde teve uma infância com muita dificuldade e traumas agravados pelo padecimento dos horrores da segunda grande guerra, na qual presenciou a morte de amigos por bombas incendiárias. Ingressou então no judô em 1952, aos 16 anos de idade. 

Era um aluno aplicado e de muito talento, pois com um ano de treinamento recebeu a graduação de 1º Dan, com três anos de treino conquistou o 2º Dan, e incrivelmente, com cinco anos como judoka, em 1957 foi aprovado em rígida competição, com exame para 3º Dan aos 21 anos de idade. 

Amadurecido e estruturado pelos benefícios que o judô lhe proporcionou (testemunho dado por ele muitas vezes, pois também era ele na época aluno da 3ª geração de alunos de Jigoro Kano Shihan), nos idos então de 1957 emigrou para o Brasil, estabelecendo-se em São Paulo, iniciando a sua carreira de professor de judô, dando aulas para as crianças e jovens da colônia japonesa perto de Campos do Jordão.

Na década de 60 foi para  Papucaia-RJ no interior do Estado do Rio de Janeiro, onde trabalhou  para a cooperativa Cotia como agricultor. Mas como aficionado que era pela nobre arte do judô, introduziu na região o primeiro dojô. Indo para Cachoeiras de Macacu e fundando ali outro dojô, que existe até os dias atuais. Em 1971 Yamaguchi sensei funda em Nova Friburgo o Judô Clube Sol Nascente (atual Academia Sol Nascente de Nova Friburgo), cujo trabalho se ramificou, sendo fundada por um de seus alunos nos anos 80 a Academia Sol Nascente de Bom Jardim.

Nesta grande trajetória, o sensei Takashi Yamaguchi difundiu o judô para milhares de crianças e jovens, formando dezenas de faixas pretas, sendo que vários seguiram a carreira como instrutores e professores de 2º ao 5º Dan, cuja descendência chegou ao nordeste do Brasil.  Existindo atualmente a 2ª geração de faixas pretas treinando nos dojôs.

E não poderíamos deixar de citar, que o professor Takashi Yamaguchi não era apenas um grande judoka, mas também um excepcional acupunturista, recebendo recentemente uma homenagem da Craerj (Conselho Regional de Acupuntura do Estado do Rio de Janeiro) como introdutor das técnicas de acupuntura no interior do estado. Sendo ele também referência em shiatsu na região.
 por: Mário Knupp 
  

Outro Relato: 


Com apenas seis anos, ainda no Japão, Takashi Yamaguchi aprendeu a arte de massagear. Aos 22, chegaria ao Brasil para começar a sua vida no esporte, através do judô. Hoje, aos 77 anos, não dá mais aulas, tampouco atende a clientes. A isquemia que sofreu limita os movimentos e a fala. No entanto, a sabedoria adquirida e repassada a centenas de pessoas não sofreu qualquer tipo de dano, e teve recentemente o merecido reconhecimento.
No último dia 6, o mestre de judô foi homenageado pelo Conselho Regional de Acupuntura do Estado do Rio de Janeiro, Craerj, em cerimônia realizada na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). Uma comitiva de parentes e amigos acompanhou Yamaguchi e a esposa Midori. Além dele, outras nove pessoas foram lembradas por serem os precursores da acupuntura no estado. Emocionado ao receber o prêmio, lembrou de uma das muitas situações que vivera. “Na minha época, as pessoas que lutavam judô aprendiam a fazer massagem e acupuntura. Ainda no Japão, com 16 anos, salvei a vida de uma mulher, que se afogou, através de massagem. Consegui reanimar a moça, que já tinha sido declarada morta.”

vida difícil no Japão e chegada ao Brasil
Takashi Yamaguchi nasceu em 15 de novembro de 1935, no Japão. Sob orientação da tia, teve as primeiras aulas de aplicação de massagem, aos seis anos de idade, uma prática comum naquela época. Durante a infância, teve de conviver com todas as dificuldades que a 2ª Guerra Mundial proporcionou. A família deixou o Japão por um tempo e, quando retornou, encontrou uma Tóquio destruída. Todas as plantações haviam sido queimadas após a derrota japonesa. Yamaguchi passou fome e, para sobreviver, comeu até mesmo os insetos encontrados nas plantações de arroz.
Aos 16 anos, ainda na terra do Sol Nascente, foi trabalhar em uma empresa de peças de navio, a Tokyo Keik, onde um ex-capitão da marinha japonesa dava aulas de judô. Mifune Kysoo ensinava várias práticas para tratamento de traumas e problemas de saúde. A partir dali, surgiram o interesse e a dedicação à acupuntura e massagem. Contratado para ensinar o judô em uma colônia japonesa de São Paulo, Yamaguchi chegou ao Brasil em 1957, com 22 anos de idade. Viveu durante algum tempo em Campos do Jordão, onde conheceu Midori Yamaguchi, e mudou-se para Papucaia. No município fluminense, pensou em desistir do judô. “Ele abandonou essa área de professor, por conta da baixa remuneração. Queria então ser lavrador. No Japão, trabalhou como torneiro mecânico e veio para o Brasil com o desejo de montar uma fábrica. A gente programa as coisas de um jeito e acontecem de outro”, contou Midori.

Yamaguchi constrói academia em Nova Friburgo
O destino levou Yamaguchi de volta ao mundo esportivo. Cinco anos mais tarde, já casado, transferiu-se para Cachoeiras de Macacu. Em 1971, chegou à Nova Friburgo e iniciou a prática das artes marciais na Sociedade Esportiva Friburguense (SEF). Dois anos depois, trouxe a esposa Midori e inaugurou o próprio espaço. A academia Sol Nascente, hoje na Rua José Maria Raminelli,  Ponte da Saudade, foi construída com a ajuda de alunos. “Cerca de 30 pessoas se reuniam todos os fins de semana e trabalhavam com a gente. Apenas alguns faziam o serviço de verdade. A maioria gostava do churrasco, das bebidas, da festa”, divertiu-se ao contar.
A academia cresceu e foram inauguradas filiais em Cachoeiras de Macacu e Bom Jardim. Desde então, Takashi Yamaguchi voltou apenas uma vez ao Japão, em 1990, quando levou uma lembrança para homenagear seu antigo professor. No entanto, Mifune Kysoo já havia falecido. “São coisas da vida, a gente tem que relevar”, disse.
  
Yamaguchi morava na casa construída embaixo da academia, e nela acumula honrarias por tudo o que fez. A próxima homenagem deverá ser feita pela Colônia Japonesa do Estado do Rio. Nada mais justo. Apesar das marcas do tempo, a bela história construída pelo professor permanecerá intacta para sempre.
 por:Vinicius Gastin


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domingo, 10 de fevereiro de 2013

Novas mudanças geram mais polêmicas no meio esportivo.

10/02/2013
Rio de Janeiro, RJ

Esporte no qual o praticante perde até 13 calorias por minuto e faz cerca de cinco lutas por dia, o judô deu novo sentido ao suor dos atletas. Em busca do dinamismo perdido - após muitas alterações nas regras -, a Federação Internacional achou a solução: mudar outra vez. Em fase experimental, as novas e polêmicas determinações preocupam atletas e médicos. A pesagem um dia antes dos eventos é a principal delas e pode ocasionar doenças a curto prazo   
   
Copiada do MMA, sob a alegação de que pode trazer ao judô a visibilidade perdida há mais de uma década, a medida de antecipar a pesagem pode causar reformulação no esporte, com a chamada "secagem" - redução de líquido no organismo do atleta para descer de categoria. As novidades serão vistas, a partir deste sábado, no Grand Slam de Paris, e serão testadas até o Mundial do Rio, em agosto.
       
Na opinião de especialistas, a mudança pode causar doenças nos atletas que optarem por perder alguns quilos para levar vantagem ilusória.   
    “Essa não é uma mudança saudável. É uma desidratação aguda e pode causar insuficiência renal. Desidratação e treinos pesados causam grandes lesões”, alerta o médico da Seleção Breno Schor.
   
    “Se é copiado do MMA, o exemplo é ruim. Corremos risco de perpetuar um hábito perigoso e que não trará vantagem”, acrescenta.
   
    Para lidar com a novidade, a Confederação Brasileira promoveu palestra para os 43 atletas da Seleção, com instruções de treinadores, médicos e nutricionistas. Os judocas ouviram vantagens e desvantagens e, por enquanto, optaram por não se aventurar. Na Europa, porém, a prática deve pegar.

Especialista em medicina ortomolecular e responsável pela "secagem" de lutadores de MMA, entre eles José Aldo, do UFC, Hélio Ventura critica a prática no judô.<br>
       
“É um retrocesso brutal. Lutadores de MMA já estão acostumados a perder de cinco a 15 quilos antes das lutas, mas os judocas sofrem desgaste maior e não terão benefícios”, condena.
   
    “É uma tática perigosa se não for feita corretamente”, adverte Hélio
   
    Dono de duas medalhas olímpicas (bronze em 2004 e 2008), o meio-médio Leandro Guilheiro frisa que a Federação Internacional está descaracterizando o esporte
   
    “Estão mudando demais. Fica difícil de entender o propósito deles e isso acaba restringindo o crescimento do judô”, reclama, com testa franzida e tom de voz nada sereno. Nesse caso, é acatar e engolir a seco.
   
     Interpretação dos juízes preocupa.
   
    Outro fator que preocupa a equipe brasileira e os treinadores é a interpretação dos juízes após tantas mudanças técnicas e disciplinares. Novas punições, alteração no Golden Score, a proibição no ataque às pernas dos adversários, entre outras, devem confundir no início.
    Campeã olímpica em Londres, até 48kg, Sarah Menezes se mostra apreensiva com a interpretação dos árbitros.
   
    “Não gostei das novidades. Mudar as regras tantas vezes acaba gerando uma enorme confusão na cabeça dos atletas e dos juízes. Vamos esperar as competições para ver a maneira como eles vão interpretar as mudanças. Esse é o maior problema agora”, comenta a piauiense.
   
     Alterações na regra
   
     IPPON
   
    Os juízes serão mais rigorosos na hora de marcar o golpe que finaliza a luta. Além disso, cair em posição de ponte será considerado como ippon

     GOLDEN SCORE
    O tempo extra não terá mais limite e o primeiro lutador que aplicar um golpe válido vence a luta, ou quem receber o primeiro shido (falta) perde o duelo,
   
     IMOBILIZAÇÕES (OSAEKOMI-WAZA)
   
    Se a técnica de imobilização começar sendo aplicada na área de luta, mas for concluída fora, será válida. Nas novas regras, com 10s de imobilização, o atleta ganha um yuko, com 15s, wazari, e, com 20s, ippon.
   
     JUÍZES
   
    Apenas um juiz central comandará o tatame, e não três como antes. Um juiz na mesa de vídeo, e com comunicação via rádio, vai auxiliá-lo nas decisões.

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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Técnico da equipe feminina de judô japonesa se demite ao ser acusado de abuso.

07/02/2013
Rio de Janeiro. RJ

Técnico Ryuji Sonoda foi acusado de agredir judocas da seleção japonesa com espada de bambu

O treinador da seleção japonesa feminina de judô, Ryuji Sonoda, pediu demissão nesta quinta-feira (31) depois que foi acusado nesta semana por algumas de suas lutadoras de assédio e abusos físicos durante sua preparação para os Jogos Olímpicos de Londres.

Sonoda decidiu renunciar ao considerar que será "difícil" continuar no cargo depois que ele e outros membros de sua equipe técnica fossem acusados de abusos por 15 judocas, informou a agência local "Kyodo".

As esportistas denunciaram em um documento que algumas delas foram objeto de insultos, bofetadas e inclusive agredidas com varas de bambu, enquanto outras foram obrigadas a competir de estarem lesionadas.

Sonoda, de 39 anos, e outros membros de sua equipe receberam há alguns dias uma notificação oficial alertando sobre o comunicado enviado no final do ano passado por algumas integrantes da equipe, cujos nomes não foram revelados.

Nesta quarta (30), o diretor da Federação Japonesa de Judô, Koshi Onozawa, declarou que a situação "é algo que nunca deveria ter acontecido", e disse que redobrarão seus esforços "para assegurar que isso nunca volte a acontecer".

A Federação de Judô confirmou até cinco casos, entre agosto de 2010 e fevereiro de 2012, em que as judocas foram esbofeteadas, empurradas ou golpeadas.

Nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, Kaori Matsumoto ganhou o ouro na categoria até 57 quilos, enquanto Mika Sugimoto ficou com a prata em mais de 78 quilos e Yoshie Ueno, com o bronze em até 63 quilos.

A notícia vem a público em meio à revolta no Japão pelo suicídio de um estudante de ensino médio de 17 anos em Osaka após ter sofrido castigos físicos do treinador do time de basquete de seu colégio.

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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Mal estar entre Fij e Paulo Wanderley, pode mudar os caminhos do Judô.

05/02/2013
Rio de Janeiro, RJ

Por Paulo Pinto
Fotos Revista Budô

Paulo Wanderley Teixeira, candidato único, foi reeleito presidente da Confederação Pan-Americana de Judô, em assembleia realizada no dia 12 de janeiro, na cidade de San José, Costa Rica.

O ponto alto do evento, entretanto, foi a atitude de Marius Vizer, presidente da Federação Internacional de Judô (FIJ), que abandonou a assembleia, da qual participava também o presidente do Comitê Olímpico Costa-Riquenho, Henry Nuñes.

Em seu discurso de abertura, Marius Vizer disse com todas as letras que o judô pan-americano não esta sendo conduzido de forma correta, e que todos haviam lutado muito para resolver os problemas existentes na época em que o continente estava sob o jugo da UPJ.

O dirigente máximo do judô mundial concluiu afirmando que a CPJ dirige a modalidade, hoje, da mesma forma que a UPJ fez no passado.

Já o dirigente centro-americano que nos informou os fatos ocorridos disse que Vizer se referia à forma como Julio Clemente, ex-diretor de arbitragem da CPJ, foi exonerado do cargo, bem como outros dirigentes de destaque afastados recentemente pela cúpula da entidade. 

Diante disso, Paulo Wanderley reagiu afirmando que não gostava e nem admitia as críticas feitas por Marius Vizer, que a América é um continente independente e que o dirigente mundial não deveria intrometer-se nos assuntos internos da Confederação Pan-Americana de Judô.

A reação intempestiva de Paulo Wanderley causou grande mal-estar, a ponto de o presidente da Federação Internacional de Judô retirar-se e não participar mais da assembleia.

Sabemos que por trás das reclamações feitas por Marius Vizer estão inúmeras irregularidades, desmandos e equívocos cometidos por Paulo Wanderley e seus títeres, Ibáñez e Chevez.
Entre outras coisas, destacamos a perseguição sistemática feita a Jorge Armada, ex-presidente da CPJ e crítico ferrenho da administração desenvolvida pela cúpula da Confederação Pan-Americana de Judô.

Dois pesos e duas medidas

Paulo Wanderley acusou o presidente da FIJ de intrometer-se em assuntos internos de sua administração, mas esta é uma prática comum do dirigente americano, que em novembro enviou seus diretores Ibáñez e Chevez ao Panamá, onde foram apoiar e participar da criação de uma nova federação de judô, visando a anular e esvaziar a Federação Panamenha de Judô (Fepajudo), entidade muito bem administrada por Rosa de Santamaría que é filiada à CPJ e à FIJ.

Esta é uma prática antiga do dirigente brasileiro, que por diversas vezes agiu assim no Brasil para retirar dirigentes indigestos de seu caminho.

Mas se a atuação da cúpula da CPJ no Panamá fere princípios e a ética esportiva, a atitude de Marius Vizer é, no mínimo, correta e sensata, já que o mesmo encarou grandes problemas internacionais para desfiliar a UPJ e apoiar a criação da CPJ, chegando a enfrentar durante três anos um processo na Corte Arbitral do Esporte, que é sediada na Suíça.

A participação de Vizer no desmonte da União Pan-americana de Judô e na criação da Confederação Pan-americana de Judô foi fundamental e decisiva. Portanto, isso o credencia a opinar sobre os destinos de uma entidade que enterrou os 50 anos de história do judô pan-americano.

Os erros e abusos da cúpula da CPJ têm sido constantes, e com isso o judô continental não avança e não cria vida própria. Levamos quatro anos de administração calamitosa de uma entidade que nem website possui.

Não sabemos quais dirigentes compõem seu comitê executivo e são responsáveis pelos vários departamentos que deveriam alavancar o desenvolvimento do judô pan-americano.

Sabemos apenas que, da mesma forma como aconteceu no passado com a UPJ, hoje o judô continental é comandado apenas por três dirigentes: Paulo Wanderley, Fernando Ibáñez e Luis Chevez, secretário e tesoureiro da CPJ.

As razões que motivaram a exoneração de Julio Clemente ainda são desconhecidas, mas sabemos que o ex-diretor de arbitragem da CPJ foi um dos dirigentes que mais trabalhou pelo desenvolvimento da entidade, quando de sua criação. Recentemente Julio lutou bravamente contra o câncer e foi justamente quando venceu esta batalha que soube que estava fora da arbitragem continental. Além de ser consenso na arbitragem pan-americana, Julio Clemente era um dirigente muito respeitado e querido por todos. Talvez tenham sido estas qualidades as verdadeiras razões de sua queda.

Antes dele caiu Jorge Armada, dirigente que não se calava e sistematicamente mostrava os erros cometidos. Armada mantém grande amizade com Marius Vizer, Alexandre Blanco e Ignacio Aloise. Isso o coloca em linha de diálogo direto com a cúpula do judô mundial, e Paulo Wanderley não admite que ninguém além dele tenha força ou destaque internacional no continente. Aliás, nem ele mesmo tem ligação com Alejandro Blanco, um dos homens mais influentes nos comitês olímpicos e nas federações de judô do continente americano.

Outra grande perda para o judô pan-americano foi a saída de Ignacio Aloise, presidente da Federação Uruguaia e grande articulador do judô continental, que, após constatar o erro que cometido por levar Paulo Wanderley ao poder, se demitiu e está fora do cenário nas Américas. Não há mais ninguém no caminho de Paulo Wanderlei. No Brasil ainda é possível minar a base do monstro, mas a oposição séria ainda não se deu conta do que pode e deve ser feito.

Com isso o dirigente brasileiro tem hoje total poder na modalidade e usa as presidências do judô brasileiro e pan-americano para alçar voos cada vez mais altos e vislumbrar o Ministério dos Esportes, o Comitê Olímpico Brasileiro e a presidência da Federação Mundial de Judô, já que Vizer se encontra enfraquecido.

O que se viu foi uma atitude grosseira de Paulo Wanderley ao interpelar o dirigente máximo do Judô Mundial, de forma agressiva a ponto de Vizer sentir-se humilhado e deixar a assembleia, olvidando os princípios de hierarquia e respeito tão apregoados na modalidade.

A intervenção de Vizer, a nosso entender, foi própria e tempestiva, porquanto cabe à FIJ dirigir o judô mundial, o que por lógica compreende manter a harmonia entre todos os entes e entidades, coibindo perseguições odiosas. O revanchismo é prática que deve ser banida da modalidade, o que pensamos que foi a intenção de Vizer coibir.

Não há mais espaço para déspotas no judô, especialmente aqueles que se perpetuam no poder e causam males perseguindo entidades e pessoas, afastando praticantes e causando instabilidade. O esporte, por origem e princípio, é para ser participativo e não excludente como ocorre. Afastar dirigentes, perseguir entidades somente serve para mesquinhos interesses políticos pessoais e não para fomentar a modalidade, como prevê a tarefa de um dirigente.

Por seu turno está demonstrado que a concentração de poder cria monstros. Os déspotas assim são investidos por nós mesmos. Vizer ajudou a criar um monstro que agora vai engoli-lo e degluti-lo, na medida em que Paulo Wanderley é hoje um dirigente com muito mais poder que Vizer, isto é: dirige a CBJ, que hoje é uma das entidades mais capitalizadas e poderosas do mundo; é presidente do judô pan-americano e vice–presidente da FIJ. A pergunta que não quer calar é: será que Vizer possui forças para deter o monstro que ele mesmo criou? 

Divulgação JUDOinforme
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