terça-feira, 28 de maio de 2013

Eduardo Duarte/RJ(Surdos) faz duras críticas a CBDS.

28/05/2013
Rio de Janeiro, RJ

"Os erros são muitos e as arbitrariedades ainda maiores, O que levamos anos e meses para construir é devastado em questão de segundos pela CBDS"


 CBDS impede participação de judocas surdos do RJ de parcticipar do Surdolímpico.

(Por Eduardo Duarte AVD/RJ) A Confederação Brasileira Desportiva de Surdos (CBDS) que tem por objetivo fomentar o Desporto de Surdos no país e buscar todas as ferramentas necessárias para auxiliar suas filiadas e surdos atletas do Brasil vem prejudicando sucessivamente as diversas modalidades esportivas, em especial o judô.

“A CBDS é uma entidade e como tal não tem culpa. As pessoas que a representam são os verdadeiros culpados. Estes deveriam lutar pelo desenvolvimento do segmento Surdolímpico no país mas estão mais preocupadas em exercer a gestão em benefício próprio, ou seja, o medo de perder o poder vem fezendo com que impere muitas das arbitrariedades e abusos que estamos denunciando. Estas pessoas desprezam a luta árdua de suas filiadas, surdos atletas, colaboradores e demais em nome de meia dúzia de pessoas e seus interesses que provavelmente pensam que são donos da CBDS. Ao ser vedado o direito dos atletas de não participarem do Surdolímpico só vem a prejudicar a imagem da própria CBDS. A mesma foi informada e orientada diversas vezes pela AVD e FDSERJ, através de sua assessoria jurídica, para que fossem flexíveis e que o momento deveria ser de união o que não ocorreu. Agora vamos analisar todas as provas para impetrar uma ação contra a entidade e aqueles que a representam. É o início de uma grande batalha com o único objetivo de fortalecer o segmento no país. Esperamos que o resultado seja favorável e que uma nova fase se inicie com muita transparência e profissionalismo.” Disse Eduardo Duarte. Ex Diretor do Departamento de Lutas da CBDS e Coordenador/Técnico da AVD.

O patrocínio junto ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da SEEL, contemplaria 12 surdos atletas, 01 técnico e 01 Fisioterapeuta, todos da AVD que por sua vez é filiada a FDSERJ.

O convênio não pôde ser celebrado, ou melhor, não foi possível dar entrada devido a falta dos orçamentos, uma vez que para dar entrada é preciso entregar o projeto com todas as certidões, declarações e orçamentos. O proponente seria a FJERJ. 

O convênio foi obtido pela AVD em virtude desta integrar o Rio 2016 e por ser a maior potência nacional na área do Judô para Surdos no estado e país. A FDSERJ como representante legal no estado deu todo o suporte necessário a sua afiliada, tendo em vista que conquistas no Surdolímpico fortalecem à todos quanto a futuros apoios e patrocínios. Alguns já em andamento.

O professor Duarte enfrenta problemas internos na CBDS desde 2008, conseguindo contornar a maioria deles. Problemas estes enfrentados diversas vezes com o Gustavo Perazollo, atual Presidente da CBDS, que antes era o Diretor de Esportes da entidade.

Em 2012, Duarte, então Diretor do Departamento de Lutas da CBDS, solicita apoio ao Governo Federal, da Presidente Dilma e ao Ministério do Esporte, para que patrocinem a ida de cerca de 30 surdos atletas nas modalidades judô, karate e taekwondo. Patrocínio conseguido. O diretor de lutas por sua vez comunica a CBDS e seu presidente não fica nada satisfeito, fala em hierarquia entre outros. Enfim, a CBDS não deu entrada no projeto através do SICONV e os surdos atletas e o Desporto de Surdos foi prejudicado por esta gestão que mostra total autoritarismo e profissionalismo. O mais absurdo estaria por vir ainda. Após o mundial a CBDS faz duras críticas ao seu Diretor de Lutas pela posição adotada contra a organização do mundial sem que tenha lhe pedido ou dado a ele a chance de explicar o que houve.

O mundial começou errado desde o momento que a delegação chegou ao hotel que não era o mencionado para as reservas. A alimentação inadequada, hamburguer, pizza e outros,o fato de terem retido nossos documentos e a tentativa de cobrar o dobro do valor da passagem aérea e do ferry bout da Venezuela para a Ilha de Margarita.O diretor ao verificar inúmeras irregularidades pediu para encerrar a conta da delegação brasileira partindo para outro hotel com boa alimentação. Outro ponto favorável foi que Duarte conseguiu que os almoços fossem entregues no Ginásio onde era realizado o Mundial evitando um maior desgaste para os atletas. O presidente da CBDS por sua vez falou que deveríamos pagar o hotel porque fizemos a reserva e saimos antes. Qual seria os verdadeiros interesses em tentar nos obrigar a pagar essa conta? De forma inacreditável a CBDS se colocou do lado da Venezuela e contra aqueles que mais uma vez deveria defender. 

Com todos os problemas e a repercussão negativa diante de um e-mail encaminhado pelo Pf. Eduardo Duarte à todos os filiados no Brasil e exterior o Presidente da CBDS prontificou-se a pagar sua passagem aérea. E os atletas? Mais umavez o incasável Duarte buscou apoios, conseguindo o auxílio de 17 deputados estaduais e de empresas. Mesmo assim foi preciso que os atletas pagassem altos valores do próprio bolso para que o sonho do Mundial não virasse um pesadelo. Resultado 06 medalhas (01 Ouro, 03 Pratas e 02 Bronzes-Equipe e Kata) para o Brasil e o inédito 4º lugar no judô.

Desde o início do ano estávamos preocupados pois sabemos que a CBDS não tem planejamento, muito menos no que se refere a patrocínios e convênios. Estes por sua vez precisam ser elaborados com um ano de antecedência. O que acarretou uma vergonhosa mudança de data e cidade dos Jogos Pan Americanos de Surdos porque nem haviam comunicado ao ME, além do cancelamento, participação, do Brasil em diversas modalidades esportivas (Mundiais) e a eliminação do país no futebol. Este sequer conseguiu classificação na Seletiva do Surdolímpico.

SUCESSIVOS ERROS

A CBDS cancela a Seletiva, II Copa Brasil de Lutas realizada no RJ, com mais de 30 surdos atletas e outorga como a principal uma segunda realizada em SP que não chegou a 18 atletas inscritos.

Sai a convocação e a CBDS não convoca os atletas medalhistas no Mundial e que participaram das duas seletivas, convocando apenas 05 atletas da AVD. A AVD aciona a CBDS informando o erro e a arbitrariedade em não reconhecer uma seletiva que teve a sua chancela e inicia um novo embate. A convocação dos outros atletas. A CBDS por sua vez não compreende o regulamento enviado pela ICSD e informa que não se pode convocar mais atletas quando está claro que neste Surdolímpico o formato seria igual ao do Mundial, Individual, Equipe, Open e Kata. Portanto, poderíamos levar mais do que os 08 atletas ditos, entendidos, pela entidade, assim como atletas do mesmo peso (categoria).

O problema persiste durante muito tempo até que a CBDS convoca quase todos com direito adquirido. Ao mesmo tempo, inicia-se outro embate relacionado aos valores cobrados pela CBDS e que estes deveriam ser pagos diretamente a ela. 

A AVD por ter conseguido o patrocínio junto ao governo do estado inicia a pesquisa de valores, são necessários 3 orçamentos para cada item, e verifica que o valor cobrado pela CBDS não bate. Pede a CBDS que informe também os valores detalhadamente o que só foi feito até pouco tempo atrás. A constatação. O valor informado pela CBDS de hospedagem chega a dobrar de preço conforme o pesquisado no site da O.C. Bulgária.

A FDSERJ encaminha e-mails explicativos até com o Decreto que exige os orçamentos ou um parâmetro para tal cobrança, mas a CBDS informa que ela é soberana. Sendo assim, ficou inviável a celebração do convênio junto ao estado e a participação dos judocas surdos no Surdolímpico da Bulgária, em Sofia, este ano em julho e agosto.

Os erros são muitos e as arbitrariedades ainda maiores. Este ano a CBDS divulgou em seu site do Surdolímpico que “os cartolas do COB, CPB e o Minsitro Aldo ignoram o Desporto de Surdos no Brasil.” Mais alarmante ainda foi a declaração do Presidente da CBDS Gustavo nas redes sociais quando informado que os judocas surdos conseguiram o patrocínio junto ao Governo do Estado do RJ/SEEL. “VI INFELIZMENTE”. E para mostrar a total falta de profissionalismo e organização que vem sendo exercida na CBDS foi a solicitação da Ficha de Inscrição dos atletas Heverson e William, ambos já integraram a seleção brasileira, um medalhista, e com registros na ICSD. Outro fato inusitado e tão pouco razoável foi a tentativa da FDSERJ encaminhar um e-mail a FDSERJ com cópia para SEEL/RJ querendo que a Federação pedisse apoio para surdos que não são filiados a entidade. Um destes atletas inclusive é filiado em SP.

“Este espaço é muito importante para que fique claro para toda a comunidade surda como a CBDS trata o assunto, o deporto. São muitas colocações impostas que não refletem a realidade de outros países como a questão que colocavam para todos no Brasil que não se pode ter presidentes ouvintes ou que a CBDS não poderia estar ligada ao COB ou CPB porque seria desfiliada da ICSD. Outra situação que desenham, falam para seus filiados e atletas, é que não o Ministério do Esporte não apoia a CBDS. Ora, basta que se faça um projeto detalhado e com visíveis resultados que teremos sempre o apoio do Governo Federal. Mas devido aos insucessos da CBDS é mais fácil falar que o ME ignora os surdos no país o que é uma grande mentira, tendo em vista o apoio que consegui para o Mundial de Lutas de 2012, na Venezuela. O que levamos anos e meses para construir é devastado em questão de segundos pela CBDS”. Encerra Eduardo Duarte, que também é o Presidente da FDSERJ.
A postura adotada pela atual diretoria da CBDS prejudica diretamente os judocas surdos, a AVD, a FDSERJ e todo o desporto de surdos do estado e do país.
Eduardo Duarte AVD/RJ

Divulgação JUDOinforme
Prof. Rocha - Jornalista

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Taciana Lima agora defenderá as cores de Guiné Bissau.

23/05/2013
Rio de Janeiro, RJ

Atleta encontrou o pai, passou a competir por Guiné-Bissau e virou campeã africana

A judoca Taciana Lima agora defende Guiné-Bissau.
 Taciana Lima subiu ao pódio no Pavilhão da Académica, em Maputo, capital de Moçambique, sem saber muito bem o que esperar. Conhecia o instrumental da música, mas não tinha conseguido achar na internet a letra do hino de Guiné-Bissau, agora seu país nas competições de judô.

No lugar mais alto, um tanto constrangida - admite -, ganhou a medalha que simboliza seu primeiro título como guineense. Aos 29 anos, nascida em Olinda mas criada em Porto Alegre, é a atual campeã africana da categoria ligeiro (até 48 kg). O judô intermediou um acerto de contas de Taciana com a sua história. E, quando esporte e vida pessoal se encontraram, a judoca encontrou uma nova motivação na carreira. "Eu sempre soube que tinha sido criada pelo meu padrasto, e nunca tive a curiosidade de saber do meu pai." Até 2007.

"Fui derrotada na seletiva para (a Olimpíada de) Pequim", conta a judoca, que perdeu a vaga para uma jovem atleta chamada Sarah Menezes - hoje, campeã olímpica do peso ligeiro. "Fiquei muito mal. Saí ganhando a seletiva, perdi de virada, tive uma lesão no joelho. E aí, não sei... Veio meu pai na cabeça."
Taciana sabia que tinha um pai biológico estrangeiro, que tinha vindo estudar engenharia no Recife. Conversou com a mãe, que lhe deu a informação: com um nome em mãos - Oscar Suca Baldé -, foi à internet. Descobriu o paradeiro do pai. Ele era ministro da Pesca em Guiné-Bissau. Para tentar um contato, ligou para o consulado. No dia seguinte, recebeu uma ligação de Oscar. "Ele disse que tentou encontrar minha mãe, porque nem sabia meu nome. Mas não conseguiu, porque mudamos para Porto Alegre."

Entre 2007 e o fim de 2012, Taciana e o pai mantiveram contato frequente, mas apenas de maneira virtual. Ela até conheceu os meios-irmãos que vivem em Portugal quando, em 2011, foi disputar uma Copa do Mundo em Lisboa. "Por coincidência, também são atletas, praticam o atletismo."
Pessoalmente, Taciana e Oscar se viram, pela primeira vez, em 2012. No Senegal, encontraram-se para passar o réveillon. Em seguida, a judoca conheceu a nação de seu pai. Lá, passou pelo processo de reconhecimento de paternidade, ganhou o sobrenome Baldé e a nacionalidade guineense.

Na volta ao Brasil, tomou a decisão: competiria pelo pequeno país africano, com pouco mais de 1,6 milhão de habitantes e uma história marcada por golpes de Estado desde a independência de Portugal, em 1974. "Foi tudo muito rápido", diz a judoca. "Em dez dias, consegui a transferência e fui competir."
Atual 31.ª do mundo, Taciana admite que a competição interna no Brasil foi um fator considerado. Com Sarah Menezes à sua frente, seria difícil conseguir alcançar seus sonhos, o de disputar um Mundial e uma Olimpíada. "Em compensação, eu posso fazer muito por Bissau."

O Campeonato Africano teria grande importância nessa caminhada. O torneio conta muitos pontos para o ranking mundial, que define a classificação olímpica. Taciana foi sozinha para Moçambique disputar sua primeira competição como guineense. Em Maputo, recebeu o apoio e a solidariedade dos colegas africanos, em especial daqueles que compartilham a língua portuguesa. Lá, descobriu a rivalidade entre a África negra e a África árabe - Tunísia, Argélia e Egito são as principais forças do continente.

Para chegar à final, Taciana derrotou uma tunisiana, até então a melhor da África na categoria. Na disputa pelo ouro, venceu a argelina Sabrina Saidi. Ganhou todas as suas lutas por ippon. A torcida veio abaixo. "Me disseram que, pela primeira vez, um país negro teve uma campeã no ligeiro. Um árbitro disse que nunca viu Guiné-Bissau em uma competição. Me emocionei."

Um de seus sonhos Taciana já conseguiu - está classificada para disputar o Mundial que será realizado em setembro, no Rio. Para participar de sua primeira Olimpíada, terá de competir em muitos torneios internacionais e somar pontos com o quimono que recebeu nas costas a sigla GBS (de Guiné-Bissau) e o sobrenome Lima Baldé. Mas, independentemente do que acontecer, Taciana tem uma certeza: "Hoje, minha história de vida é completa."
 Amanda Romanelli - O Estado de S. Paulo

Divulgação JUDOinforme
Prof. Rocha - Jornalista